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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Perdendo a cabeça (?)

Mais um sonho maluco para registrar. Acho que vou acabar fazendo bastante disso se eles continuarem acontecendo como estão e esse blog vai crescer magicamente, porque do jeito que a coisa anda... XD Geralmente escrevo de uma maneira mais polida aqui, sem usar meus emoticons de costume, mas hoje deixarei passar, serão necessários. Porque um emoticon traduz muito bem a natureza desse último sonho:

@__________@

Para quem entende, leu "LOUCURA" aí, ou algo do tipo. E foi exatamente isso que experimentei no sonho, como é perder a minha sanidade. Sem mais delongas, vamos a ele.

***

De fato, é terrível a gente não ter noção que está sonhando e viver aquilo tudo como se fosse realidade. Tudo seria muito mais fácil para mim se eu simplesmente pudesse dizer "ah, isso é um sonho" e resolver as coisas da forma como quisesse, mas eu não consigo fazer isso. Esse começou comigo vivendo numa cidade em que nunca estive, onde eu estudava com alguns primos meus e até amigos de infância em um colégio. A sala de aula parecia uma daquelas de colégio interno, com mesas claras e um papel de parede azul meio bebê, algo assim. Eu tinha memórias daquele lugar e daquelas pessoas, só que havia alguma coisa de errado com tudo aquilo. A gente tinha feito uma prova e a professora estava distribuindo para que cada um visse seus resultados. Fui o único a tirar dez (era mesmo sonho?!) e, por isso, ela pediu que eu ficasse para conversar com ela enquanto o resto da turma ia embora.

Uma prima minha, com quem estudei durante a minha vida escolar toda, me disse "você encontra com a gente depois naquele lugar!" e foi-se com os outros. Eu sabia de que lugar estavam falando, era uma espécie de venda onde a gente costumava se encontrar naquele mundo... tinha uns pufes enormes onde a gente podia sentar. Mas, ao mesmo tempo, parte de meu cérebro me dizia que eu não conhecia aquilo de verdade. Aquelas pessoas, aquele contexto... estava tudo errado. Eu não PERTENCIA àquele contexto, tinha uma certeza plena disso, porque havia memórias muito mais reais de outra vida em mim, da minha vida real e das companhias que eu costumava ter. Onde todo mundo tinha ido parar? O que estava acontecendo?

Aproveitei que tinha ficado sozinho na sala para sair do colégio escondido, porque precisava me situar de alguma forma. Um traço marcante desse sonho foi a clareza de alguns cenários para mim. Os chamo de "cenários" porque era o que pareciam mesmo, muito bem feitos e detalhados para soarem como os lugares normais que costumamos frequentar no cotidiano. O fundo do colégio me lembrava uma mansão vitoriana muito velha e cheia de arbustos. Eu havia saído de lá e... aí veio uma interrupção brusca do sonho. Não sei se acordei e voltei a dormir, mas sei que, quando me dei conta, já estava em outro lugar.

Não sabia exatamente onde era, mas sabia do que se tratava: era uma espécie de asilo. Eu sabia porque haviam me colocado ali, era um lugar para pessoas loucas, onde elas eram deixadas e esquecidas. E aquele desespero que havia nascido na sala de aula agora estava muito pior. Por algum motivo, estavam tentando me enganar ou me fazer enlouquecer, mudando tudo na minha vida de vez e agindo como se eu estivesse estranho. Não estava louco, não podia estar. Apenas queria voltar para a minha vida e fazer com que todo mundo parasse me tentar me convencer de que estava perdendo a sanidade. Sentia isso, mas não sabia o que fazer ou para onde ir. E assim esperei as pessoas saírem (não sei quem se tratavam e nem para onde foram, mas acho que eram enfermeiros) para tentar me esgueirar para fora mais uma vez. Conforme ia andando pela casa, o medo se tornava maior, porque era um ambiente tão carregado, cheio de quadros de velhos que pareciam ficar observando meus passos. Lembro vagamente de uma mesa de jantar de madeira antiga, de um corredor estreito por onde passei quase correndo até chegar numa sala enorme e toda vermelha. 

Na verdade, havia duas janelas cobertas com cortinas muito vermelhas e que lançavam a luz avermelhada sobre o cômodo todo. Havia vários sofás com estampas diferentes, arrumados como se fossem para causar uma impressão de sala de visitas. E, sobre os móveis e no tapete estava inúmeros gatos sentados ou deitados e todos pararam para olhar pra mim no exato instante em que apareci. Mas não lhes dei mais atenção do que o necessário, saí correndo pela porta e direto para uma rua que nunca tinha visto. Era larga, feita de pedra mesmo, e pra minha esquerda havia um teatro enorme e amarelo, desses que a gente vê em filmes americanos. Tentei correr em direção a ele, buscando alguém na rua, mas me faltavam forças... eu não sei o que havia de errado, mas conforme meu desespero aumentava, eu me sentia cada vez mais fraco, a ponto de me arrastar quase de quatro pelo passeio enquanto murmurava, pedindo ajuda.

As pessoas começaram a aparecer, mas quase todas desviavam de mim, com medo. Uma mulher tentou me dar dinheiro, como se eu fosse um mendigo, mas foi embora logo em seguida. Eles não pareciam capazes de me ouvir, de me dar qualquer atenção. E eu sabia que minha situação não ajudava em nada, só poderia fazê-los pensar num maluco necessitado no meio da rua mesmo, alguém que até mesmo eu evitaria. É horrível a sensação de que você está tentando fazer algum sentido, mas não consegue. Você se sente terrivelmente impotente... é de enlouquecer. De fato, parecia que estava realmente ficando louco, porque continuei me arrastando até perto de uma esquina, passando por cima de uma lama grudenta sem nem me importar e ainda tentando gritar por ajuda.

Foi quando houve uma segunda interrupção. Lembro de alguns vultos, de outras salas passando que como raios por mim, de eu tentando alcançar algum lugar que não sabia onde era, ou simplesmente repetindo para mim mesmo que eu deveria me controlar, mas incapaz de conter meus pensamentos. Eu estava mesmo ficando louco, não conseguia confiar nas minhas próprias ações, essa era a sensação que eu tinha. De que isso não iria passar nunca mais, de que não voltaria a ver as pessoas de que gosto, porque minha mente agora interpretaria tudo errado e eu estava preso dentro dela, sem ter como gritar ou fazer aquele turbilhão parar. Pareciam rios e rios de informações e emoções perdidas jorrando sem qualquer controle, assumindo as formas que mais lhe convinham e pouco se importando com as consequências disso. E só me restava me afogar nisso tudo. Era quase como estar com a mente presa dentro de um corpo totalmente estranho e alheio, incapaz de controlá-lo.

Na última parte do sonho me vi numa enfermaria também com cortinas vermelhas, só que dessa vez cobrindo até mesmo as paredes. Estava deitado numa cama com uma máquina na minha cara, talvez para me fazer respirar alguma medicação para me conter e me acalmar... e ao meu lado tinha um homem que lembrava muito meu pai mais jovem, quem eu reconhecia como um tio naquele momento. Ele estava com uma expressão cética, quase de desinteresse, enquanto uma menina muito estranha, com roupa de enfermeira e uma cara meio psicopata lia meu diagnóstico. Ela disse "ele tem uma pedra na vesícula, isso provoca dores fortes e delírios". Nesse momento, voltei a sentir desespero, porque finalmente haveria algo a culpar pela minha insanidade, talvez até uma forma de me curar dela e poder voltar para minha vida normal. Não acho que na vida real uma pedra na vesícula provocaria tudo isso, achei muito estranho ela dizer logo isso dentre tantas coisas, mas era um sonho maluco mesmo.

E então acordei. Olhei pro meu teto e respirei fundo. Nossa... como estava aliviado. Se em algum momento eu pudesse ter compreendido que ERA um sonho tudo teria sido muito diferente. Mas a sensação que tive ao acordar foi a de que havia finalmente conseguido voltar à minha vida, como se tudo tivesse acontecido mesmo. E, bem, pra mim meio que aconteceu, mesmo que só dentro de minha cabeça, porque foi muito real.

Bem, era o que eu queria mesmo, deixar o sonho registrado. Mais um, né. Do anterior eu consegui extrair alguma lição importante e uma experiências também (agora digo que "sei como é estar morto"), mas morrer num sonho não é nem de perto tão perturbador quanto perder a sanidade. Não poder mais confiar em si mesmo, no que você interpreta, no que você diz e muito menos em qualquer outra pessoa... nossa, foi uma das piores sensações que experimentei.

Não desejo isso pra ninguém. E muito menos vir a sentir isso de novo.

Mas é, com sonhos assim, fica até difícil convencer alguém de que sou uma pessoa normal.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Paixão prometida

Queria muito me apaixonar um dia
Queria encontrar na vida aquela pessoa
para quem eu entregaria meu coração,
meus sonhos e meus desejos

Queria encontrar os braços
onde poderia me aconchegar
E os olhos que me observariam com cuidado
e retribuiriam meu sorriso com um brilho de amor

Anos e anos se passaram
e o que encontrei, deixei passar
O que encontrei, não quis guardar
O que encontrei, deixei me magoar

Mas continuei desejando
e esperando me apaixonar

E, numa noite de profundo silêncio,
deitado, em silêncio, em minha cama,
abri meus olhos para minha vida
e para a paixão que tanto vivi a esperar

O que esperei, me mudou
O que esperei, me ensinou
Mas isso não era tudo que existia
para me fazer uma pessoa feliz

Agora, já queria encontrar algo mais
Aquela fagulha, aquela vontade
Aquela paixão que cresce e arde
de criar, de transformar a realidade

Quero me apaixonar um dia
pelo que escorre de minhas veias
para o mundo ao meu redor

Quero me apaixonar um dia
e transformar a minha vida
numa existência mais útil e melhor

Palavras foram ditas no passado
E gestos se perderam no vazio
Mas agora sei do amor que vem de dentro
e que pouco depende do que está alheio a mim

Quero me apaixonar um dia
por um lindo e grandioso sonho
Quero me apaixonar a tal ponto
de recriá-lo com minhas próprias mãos

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Uma visita ao outro lado (?)

 Tive um sonho muito estranho essa noite e que me deixou com uma forte impressão. Meus últimos sonhos tem sido bastante inquietantes, sempre com situações desconfortáveis nas quais tenho que me virar de alguma maneira, mesmo sem conseguir resolvê-las. E, como não consigo controlar meus sonhos como muitas pessoas conseguem, acabo vivendo-os enquanto durmo como se fossem mesmo uma realidade paralela. De uns nem me lembro quando acordo, mas de outros...

Fui me deitar e, de repente, me peguei pensando sobre alguns parentes meus que já se foram. Não eram pessoas próximas a mim e meu sofrimento pela partida deles acabou se dando mais por ver outras pessoas que amo sofrendo por eles. Comecei a divagar sobre como eles estariam e desejei, do fundo do meu coração, que estivessem bem. Talvez por isso esse meu sonho tenha falado de morte. Eu já tinha sonhado sobre esse tema antes e tinha sido terrível, também me deixou bastante abalado, pois nele uma pessoa muito importante pra mim havia morrido e eu precisei lembrar de que aquilo era um sonho quando acordei muito triste. Mas dessa vez a mensagem era muito diferente e, para recordá-la para mim mesmo, decidi escrevê-la aqui de uma maneira que me faça lembrar dele como o vi.

***

Havia uma bela moça. Seus cabelos castanhos faziam voltinhas, presos num penteado elegante e caindo sobre seus ombros. Trajava um vestido de um azul celeste, bonito e respeitável, com uma blusa branca cobrindo seus braços. Tinha um temperamento forte e uma personalidade irritante, gostava de jogar seus problemas sobre os outros. Eu sabia disso, porque... ela era eu. E eu era ela. Era normal para mim assumir o papel de outras pessoas em meu sonho, então até aí não havia nada de muito estranho.

Mas ela (ou eu) olhava ao redor, para o casarão branco que se estendia em frente ao gramado verde e fofo, onde cavalos pastavam tranquilamente, e não conseguia processar com precisão a pergunta: "onde estou?". Porque, em parte, aquele lugar era conhecido, mesmo não sendo. Seria uma mansão de uma família rica, sua família rica? Seria um museu? Parecia ser muitas coisas e muitos lugares ao mesmo tempo, mas ela conseguia se sentir em casa ali. De fato, quando paro para me lembrar da sensação que aquele lugar me dava era de que não se tratava de um lugar do passado, nem do presente ou do futuro. Ele estava em outro tempo, independente desses outros três.

Um dos cavaleiros, homem que a moça identificou como um de seus empregados, trocou algumas palavras com ela. Lembro-me das palavras dele, dizendo que "ela jamais mudaria, essa moça seria assim para sempre a partir de agora". Isso não fazia sentido, mas fazia ao mesmo tempo. Ela continuaria a mesma porque não haveria mais nada que ser mudado naquele lugar. Só que ela ainda não compreendia...

E foi quando o sonho mudou completamente. Eu já era eu mesmo. Estava dentro de um carro em minha cidade natal, dirigindo numa rua pouco movimentada e onde minha avó vive até hoje. Sabia que não tinha experiência para dirigir sozinho, sabia que não deveria estar fazendo aquilo, mas já era tarde. Tudo aconteceu muito depressa: o carro subiu no passeio, foi de encontro ao poste e... eu já não estava mais lá.

Acordei num lugar desconhecido e também familiar. Não "acordei" exatamente, apenas me vi lá, de pé, incapaz de sentir qualquer coisa por alguns momentos. Havia um muro que me lembrava muito da casa onde cresci e, nele, um buraco parecia se abrir pra ruas cheias de arbustos e casas que eu não conhecia. Então veio a sensação mais forte do sonho: eu havia morrido. Sentia uma culpa enorme por ter deixado aquilo acontecer comigo, imaginando como as pessoas haviam reagido ao saber do acidente ou se elas sequer souberam sobre ele. Pensei sobre minha mãe, acima de qualquer outra pessoa, e me peguei desejando poder falar com ela.

Mas eu não podia mais. Sabia disso. Não os sentia mais por perto, como parte de mim. Eu estava longe, para sempre longe, e me doía pensar na dor que estariam sentindo. Só me restava aceitar essa grande verdade absoluta sobre a minha existência, seja lá o que ela tivesse virado depois daquilo. Eu ainda era eu, apesar de tudo. E o que eu poderia fazer a partir daquele momento?


Sabia de uma maneira natural que meus desejos e sentimentos possuíam algum efeito direto sobre aquele mundo e eu precisava aprender a pensar positivo, ou criaria problemas para mim e para todos. Não sabia quem eram os outros, nem os vi ou me comuniquei com eles, mas os sentia lá e eles também me sentiam. Mais tarde teríamos a chance de falar.

E então o sonho se tornou ainda mais estranho, quando tentei atravessar o buraco no muro e acabei saindo nas ruas que não conhecia, longas avenidas circundadas por arbustos muito verdes e que levavam para alguma espécie de complexo de moradia, com prédios destruídos. Eu sabia que não deveria estar ali, as presenças lá fora não eram as mesmas que as do outro lado do muro e eu precisava fugir imediatamente, porque eles também sabiam sobre mim agora e queriam me capturar.

Isso se juntou à série de metáforas que poderiam me fazer concluir que fiz uma grande jornada astral pelo outro mundo, ou apenas interpretei várias informações sobre a morte que já ouvi falar em minha vida. Sonhos são mesmo assim, afinal, confusos e cheios de reviravoltas. Não lembro de ter sido capturado ou de ter escapado mesmo... mas, ao final do sonho, eu parecia ter voltado ao começo dele.

Eu era a moça de azul mais uma vez, ainda no mesmo casarão, olhando para o mesmo gramado cheio de cavalos. Mas aquela sensação de compreensão sem palavras, de aceitação de minha situação sem remédio... aquilo havia me transformado. Ela já não era a mesma e agora ela compreendia: ela nunca iria mudar, porque seu tempo havia acabado. Ela estava morta e não havia nada que pudesse fazer para reverter isso, poderia apenas aprender a lidar com isso para voltar se sentir bem. E assim ela respirou fundo, com os olhos fechados. E aceitou. E foi caminhando sob o sol, para lugar nenhum que ela pudesse conhecer, mesmo estando "em casa" agora.

E o cavaleiro repetiu as suas palavras amargas sobre a moça: "ela nunca vai mudar, continua sendo a mesma". Mas ela havia mudado.

***

Acordei com essa sensação de aceitação, pensando em meus amigos, em minha família. Pensando em minha mãe. Demorei para lembrar de que o acidente nunca havia ocorrido, eu não havia morrido. Me levantei e comecei o meu dia.

Pode ser que não, mas sinto que meus sonhos vem tentando me ensinar alguma coisa de maneiras duras e que me marquem de alguma forma. Me causando uma dor que trago direto para a realidade como se realmente tivesse acontecido, eles me fazem pensar sobre como tenho levado a minha vida e o que tenho deixado de fazer. E esse sonho, mesmo com as metáforas sobre morte e existência, me disse uma coisa importante: aceitar. Aceitar minha falta de controle sobre o mundo ao meu redor e aceitar que, em vários momentos, posso apenas abraçar meus sentimentos e desejar que as coisas se resolvam, mesmo sendo incapaz de evitar me sentir mal ou provocar isso sobre os outros. Porque sou apenas uma existência volátil e cheia de ramificações... Mas que quer aprender a aceitar a incapacidade de mudar tudo ao meu redor, para poder viver mais livremente.

Talvez essa postagem não venha a fazer muito sentido, afinal de contas a mensagem do sonho foi dirigida a mim mesmo, se é que ela existe. Como disse, há sonhos que prefiro não esquecer pela sensação que me provocam e agora sinto que consegui registrá-lo com mais clareza. É o que importa.

Nada mudou com isso, na verdade. Mas essa sensação de aceitação é algo que quero levar comigo e aplicar em minha vida quando achar necessário.