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domingo, 27 de fevereiro de 2011

Uma coisa para não esquecer

É incrivelmente fácil perder o foco nessa vida. Quando estamos começando um projeto, querendo colocar uma idéia em prática, o que realmente determina se ela irá para frente ou não? Será apenas a nossa vontade? Até onde os fatores externos influenciam de verdade na nossa decisão (ou na falta dela)? Será tão difícil só continuar desejando ver aquele projeto terminado tão ardentemente como quando ele estava nascendo de nossas cabeças?

Hoje posso dizer que sou um artista muito melhor do que fui um dia, porque consigo resultados melhores. Cresci como pessoa e isso influencia diretamente no que faço, porque sou o que faço. Mas... de que adianta adornar com brilhantes uma peça que jamais será usada? Cuidar e desenvolver uma habilidade que nutrirá um hobby eterno e sem futuro? É como ficar enchendo um poço sem fundo, é um trabalho inútil.

Hoje tenho um estágio, tenho um salário e, incrivelmente, tempo de sobra para desenhar até minha mão cair. E assim tenho feito, o que me deixa satisfeitíssimo. Porém... e aqueles planos antigos? O que eu queria mesmo desenhando? Uma história cresceu dentro de mim e eu tenho muito medo de que ela morra. Me desespera saber que só depende de mim para que isso não aconteça, pois os outros estão a nossa volta apenas para nos dar o apoio que podem, mas não irão mover nossas mãos por nós. E pensar no carinho que senti quando fiz apenas 12 páginas daquela história me faz querer ser uma pessoa melhor... para finalmente terminá-la!

É como a profunda dor de estar saindo do casulo, como já falei antes para quem puder lembrar. Estou esticando minhas mãos para fora de lá... de novo. Mas percebo que não quero esticá-las, ao mesmo tempo. Porque não acredito em mim e nem que essa história vá realmente se concretizar. "Hoje não tô a fim... depois desenho... isso não tá certo... não sei o que fazer...", todos esses pensamentos deixam de ser simples sensações naturais quando viram desculpas para não ir adiante numa idéia, numa vontade. Já percorri todos os caminhos da desistência e sei que terminam na sensação de inutilidade e infelicidade, o que resulta no incômodo constante ao ver que alguém ao seu redor produz algo e você não. Como posso me sentir realizado se não fiz absolutamente nada até agora?

É sempre bom saber que por mais que contemos com os outros, por mais que estejamos bem acompanhados e felizes, uma pessoa precisa querer fazer o bem a si mesma. Porque ninguém vai realizar seus sonhos pessoais. Nada vai mudar de lugar, de cor, de forma para um caminho se abrir magicamente. E somos responsáveis pela grande inércia em que nos deixamos mergulhar por tanto tempo, deixando os sonhos escaparem pelos dedos.

Eu decidi ser feliz. Mas não sou forte para ser feliz. Então decidi que serei forte.

E assim criarei minha felicidade com minhas próprias mãos!