Páginas

domingo, 24 de janeiro de 2010

Instinto.

Gostaria de ser mais como os animais. Sabe... despreocupado com coisas desnecessárias, movido por vontades claras e honestas, sem questionamentos pessoais que mais servem para embaralhar a cabeça, tudo por instinto. É no que penso enquanto vejo uma gatinha aqui, ainda filhote, brincando sozinha com tudo que encontra no caminho. A serenidade que sinto num olhar animal é algo que me conquista.

Mas é, sou uma pessoa. E experimento tantas sensações num só dia que minha cabeça deve pesar algumas toneladas quando vou dormir. Sejam elas boas ou ruins, sempre disparam pensamentos que avançam e se entrelaçam a outros que já estavam ali: é realmente uma espiral sem fim. Se pensar é uma das coisas que nos diferencia dos animais, então gostaria de poder ser mais irracional de vez em quando. Porque as vezes simplesmente não aguento o fluxo e me deixo carregar por ele... e sabe-se lá onde vou parar.

Numa dessas viagens, me peguei pensando sobre os elos que construímos com as pessoas. Uma relação pode evoluir de diversas formas (ou estagnar), mas geralmente tem um início comum: nenhuma das partes se mostra como realmente é. O tempo e a convivência se encarregam de colocar alguns muros abaixo, o que vai gerando descobertas que, por sua vez, podem decorrer em aproximação ou separação. Só que quero comentar aqui sobre como é difícil as vezes nos livrarmos das primeiras impressões que tentamos passar, sobre como somos escravizados pela imagem que criamos no primeiro contato só por segurança. É como se a correnteza já nos levasse pelos caminhos conhecidos, fazendo-nos repetir atitudes que nem nos agradam de verdade, criando pequenas feridas que evoluem por toda a linha que forma o elo. Suponho que ela venha a se romper, nesse rítimo.

Em momentos em que percebo que não estou sendo eu mesmo, sinto-me como uma marionete presa por cordinhas muito mais poderosas que minha vontade. E o que dificulta o simples ato de respirar fundo e assumir o controle é o medo de ter esse controle nas mãos e não saber o que fazer com ele. Não é muito mais cômodo sentar-se no banco de trás e ver a viagem acontecer? Tão fácil permitir que a estrada seja qualquer uma, continuar se adequando aqui e ali sem objeções significativas. Mas... sei bem que a sensação de fazer as cordinhas se moverem para onde quisermos, fazer uma curva perigosa no caminho ou mesmo lutar contra a correnteza é extremamente mais válida. E real.

Então é dessa sensação que devo tirar coragem? Algumas relações me parecem tão promissoras que sinto um medo imenso de tentar. Francamente, não sei qual estalo milagroso me fez começar com outras... Acho que apenas aprendi a aceitar os sentimentos dos outros e ter segurança para dar os meus em troca. Talvez seja esse o caminho e, com tranquilidade, eu possa ser capaz de assumir o poder sobre minha consciência. Porque quero viver minha vida conscientemente. E com serenidade nos olhos, já que não há o que se temer.

E se houver, posso lutar. São meus instintos, afinal.

3 comentários:

  1. Sei como é isso. Talvez não na mesma intensidade, mas sei sim. Tenho relações assim mesmo, que... é como se tivesse uma máscara. Como as de carnaval xD Na qual você mostra sempre o mesmo sorriso pra mesma pessoa, mesmo quando na verdade não sente a menor vontade de sorrir.
    Outro dia mesmo, quando voltei, me deparei com uma situação dessas. E minha reação? Claro, fugir. Pensei "seria melhor se eu estivesse lá do outro lado", você deve me entender, não?
    É, lá, era lá que eu queria estar. Hoje, um pouco mais calmo, não me importo tanto com aquilo, com o que passei, mas sei que em breve vou ter o mesmo pensamento...

    ResponderExcluir
  2. Eu sei que não dá para simplesmente agir sempre como eu quero o tempo todo e que em muitos momentos usamos máscaras. Mas quero o diferencial de ter consciência e controle sobre a máscara, evitar que aconteça o oposto.

    E esqueci o que mais ia comentar aqui, brilhante. XD

    ResponderExcluir
  3. Tsc...só vc pra esquecer xD

    Então...eu acho que essa coisa de usar máscara é a coisa mais comum que tem, porque na verdade todos usamos ^^v nem tem como fugir... no fundo acho que é uma forma..humm... de proteção que encontramos o.o mas que muiiiitas vezes atrapalha mais do que ajuda.
    Como vc disse, o diferencial é ter controle sobre isso.

    Nem todos tem a oportunidade de conhecer a verdadeira face daquele alguem, sem máscara, sem truques, sem fugas.
    Mas sabe... eu não acho isso totalmente ruim, tem momentos em que eu realmente prefiro usar a máscara, não que eu queira enganar alguém... mas tem vezes em que eu não quero mostrar meu eu, não quero que me conheça, como disse, proteção.

    Acho que o importante é saber quando usar ou não, e principalmente é saber quem você é por trás da máscara.

    Sempre vamos continuar vendo o show das marionetes e o festival das máscaras, porque ..isso é tão natural do ser humano,não?

    Por fim, espero que você tenha o controle e consiga agir como quiser ^^

    ResponderExcluir